CRISE CONJUGAL

      E quando eu menos esperava e da noite para o dia o nosso relacionamento estrou em crise. É quase assim, mas com uma grande diferença. A verdade é que nunca esperamos a tal crise, mas ela não aparece do dia para a noite. Quando ela se apresenta em grande proporção já é o resultado acumulado com o tempo de convivência.

    O amor é um sentimento vivo que se alimenta de energia pura, e subs tâncias impuras formam ondas de impacto que quebra a química existente tornando-o vulnerável. A vida conjugal é uma parceria contínua, e a existência natural das mudanças de comportamento torna-se a base principal das conquistas.

   Tentando manter os mesmos hábitos criamos a monotonia, a essa se encarrega de diminuir as nossas emoções, vital para a vida a dois. Precisamos de inovações, as quais criam o poder de surpreender. Amar não é aceitar imposições com o receio de desagradar, Quem ama cria um canal de diálogo aberto em que expressar os sentimentos não representa perigo, e a certeza de que uma conversa franca vai fortalecer a confiança e o respeito.

   Vamos ser bem sinceros, os casais não gostam de falar sobre as suas preferências ou recusas, e esse tabu continua atrapalhando, porque as vezes determinado assunto é comentado em momento errado gerando desconforto. Qual o problema de conversar? Timidez? Insegurança? Seja lá o que for não justifica. Ninguém sabe adivinhar até que ponto correspondemos, pensamos mas não temos certeza, e na dúvida nada melhor de que uma boa conversa.

   Quando uma crise se instala é inevitável o desgaste, e o que era puro romantismo se transforma em palavrões, agressões, suspeitas, sentimento guardados, tudo passado em face. Depois da raiva vem o arrependimento, não deveria ter falado isso ou aquilo. Mas o orgulho individual continua falando alto e nenhum pede desculpas com vergonha, mas a maior vergonha é ferir ou perder quem amamos.

    Quantas e quantas vezes ele ou ela chega do trabalho, e quem passou o dia contando as horas para conversar um pouco, sair da rotina, e não recebe nem sequer um abraço, ou um gesto de afeto. Não podemos deixar que problemas externos consigam ser mais fortes de que o nosso sentimento por quem amamos, temos que entender, que é justamente essa união que nos ajuda a vencer as crises, se surgir um desencontro de opiniões, que possa ser respeitado o momento em que um está falando. Nada de querer falar mais alto, quem disputa som são os paredões, não os casais, aprender a ouvir é uma maneira sábia para saber responder, esperar o momento certo para resolver as diferenças, afinal o amor não acaba apenas se transforma, e essas transformações, não podemos nos excluir das mesmas porque em uma parceria dificilmente um erra sozinho.

   Ninguém é propriedade do outro, e não precisamos viver juntos sem amor só para manter as aparências, isso é um assunto separado, mas se o amor diminuir tanto assim, que não se exclua por completo, que pelo menos a amizade e o respeito, sem jamais querer interferir no recomeço do outro.

   Crise conjugal, umas aparecem e outras nós as criamos. Uma coisa é certa, ninguém fica ruim de um dia para o outro, isso acontece gradativamente, e quem ama cuida, e cuidar do amor é como cuidar de um jardim, tem de regar e olhar não com os do corpo mas com os olhos da alma.

 

   Ass.  Maninho. 

Artigo Original