UMA CASA SOLIDÁRIA

      Quando o poeta falou que nem as paredes confesso, ele sabia que de certa forma as paredes podiam ouvi-lo. Parece até loucura acreditar, mas a casa participa de sua vida e sente você. Não é por acaso que quando ela é bem cuidada fica com um aspecto radiante, parece que está viva.

      O vento entra por portas e janelas, brinca com as cortinas, balança as plantas,  e a sala  e o quarto se transformam em uma concha acústica, formando uma melodia com sons leves. As paredes lhe escuta, escuta quem as fez e quem as pintou, ela vê seu dia a dia de felicidade ou sofrimento, sem poder falar, mas podendo lhe escutar e se comunicar.

       A falha na pintura ou no reboco são meios em que ela pode chamar sua atenção, existe um elo forte entre ela e você. Em cada canto, um encanto, você não ver o ar mas respira, a energia não pode ser vista, mas existe, você duvida do encanto e ele lhe encanta.

       Por algum motivo você está em casa só, seus pensamentos vagueiam, e você está tão só que mergulhou em si literalmente e nem viu o reflexo provocado por um pirilampo no jardim.

        E de repente um barulho: Um quadro caiu da parede. Para você o motivo foi o vento, e se dirige até a veneziana para fecha-la, ao se aproximar consegue ver o raio de luz do pirilampo e o efeito sobre as folhas orvalhadas. Olhando atentamente se impressiona com a engenhosa teia feita por uma pequena aranha entre os galhos de uma roseira, e pensa como é incrível, tão pequena e tão inteligente, fez um trabalho perfeito.

       Volta até o quadro caído no chão para recoloca-lo na parede, olha uma fotografia da família que está no quadro, e quando vê  o lado oposto do mesmo fica surpreso. Tem uma dedicatória que até aquele momento era desconhecida, a mensagem falava de carinho e gratidão, e um filme passa em sua cabeça. Aquela parede é testemunha de muitos momentos felizes, e como em um momento de loucura  você conversa com ela, e ela não lhe responde, mas lhe escuta.

     Sua casa, seu castelo de lembranças e segredos. As paredes que absorvem todos os sons, as vezes chegam a tremer mas permanecem firmes, ela  sabem que se nem a elas você confessa, não tem nenhum problema. Elas conhecem seus segredos e são solidárias a você seja qual for o momento.

     Uma casa é solidária seus moradores, uns saem outros chegam,pessoas diferentes e costumes diferentes, e lá está a casa,  solidária procurando entender e se adaptar a mais uma pessoa,uma família,ou outro ser que procure abrigo entre suas paredes.

     Ah, quase esquecia de dizer, o quadro que caiu não foi o vento que derrubou, foi a parede em sua comunicação, muitas coisas as vezes estão bem próximas e não conseguimos ver, por isso sempre terá em sua casa, um canto,um encanto, e paredes guardando seus segredos.

 

Ass.  Maninho.

Artigo Original